Era uma vez a história de uma menina chamada Saudade. Saudade era filha do Amor e da Distância, e sofria muito com a sua característica.
Todos os dias ela perguntava para sua mãe: “Por que eu existo?”. E a mãe, muito preocupada com a pergunta de sua filha, respondia: “Porque você é o resultado de muito amor, só que somado à distância. Quem ama sente falta, minha filha. Um dia eu te explico o que significa a falta”.
E Saudade passou a vida toda tentando entender porque ela nasceu, qual era o significado de sua existência. Sim, Saudade já era mais velha, e dessa forma já tinha muitas questões existenciais pendentes.
Um belo dia, sua superprotetora mãe, vendo que Saudade havia se tornado melhor amiga da Tristeza decidiu explicar à filha o que significava a falta: “Filha, eu sei que agora você pode entender o que a falta significa. A falta é aquele pedaço de você que parece ter sido tirado, ter sido arremessado para longe sem sequer terem te perguntado se você gostaria disso. Falta é viver sentindo que a sua vida não está como você gostaria. Que o quebra-cabeças não está completo. Que Romeu e Julieta não estão juntos. Que o céu brigou com as estrelas. Que você não vai ser o mesmo até recuperar aquilo que foi perdido, colocado para além de você. Entende?”. E Saudade, com lágrimas nos olhos respondeu: “Sim, agora eu entendo, mamãe”.
E aí, Saudade conseguiu compreender o seu lugar no mundo. Conseguiu entender que ela era importante para continuar mostrando às pessoas que amam e têm alguém longe delas, que elas estarão sempre juntas. Em pensamento. A Saudade faz com que duas pessoas, mesmo uma no calor da Índia e outra no frio da Sibéria possam estar juntas. Sempre.
E todos, Amor, Distância e Saudade puderam conviver harmoniosamente e viver felizes para sempre!
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Bebel Clark