sexta-feira, 20 de abril de 2007

A filha do amor e da distância


Era uma vez a história de uma menina chamada Saudade. Saudade era filha do Amor e da Distância, e sofria muito com a sua característica.

Todos os dias ela perguntava para sua mãe: “Por que eu existo?”. E a mãe, muito preocupada com a pergunta de sua filha, respondia: “Porque você é o resultado de muito amor, só que somado à distância. Quem ama sente falta, minha filha. Um dia eu te explico o que significa a falta”.

E Saudade passou a vida toda tentando entender porque ela nasceu, qual era o significado de sua existência. Sim, Saudade já era mais velha, e dessa forma já tinha muitas questões existenciais pendentes.

Um belo dia, sua superprotetora mãe, vendo que Saudade havia se tornado melhor amiga da Tristeza decidiu explicar à filha o que significava a falta: “Filha, eu sei que agora você pode entender o que a falta significa. A falta é aquele pedaço de você que parece ter sido tirado, ter sido arremessado para longe sem sequer terem te perguntado se você gostaria disso. Falta é viver sentindo que a sua vida não está como você gostaria. Que o quebra-cabeças não está completo. Que Romeu e Julieta não estão juntos. Que o céu brigou com as estrelas. Que você não vai ser o mesmo até recuperar aquilo que foi perdido, colocado para além de você. Entende?”. E Saudade, com lágrimas nos olhos respondeu: “Sim, agora eu entendo, mamãe”.

E aí, Saudade conseguiu compreender o seu lugar no mundo. Conseguiu entender que ela era importante para continuar mostrando às pessoas que amam e têm alguém longe delas, que elas estarão sempre juntas. Em pensamento. A Saudade faz com que duas pessoas, mesmo uma no calor da Índia e outra no frio da Sibéria possam estar juntas. Sempre.

E todos, Amor, Distância e Saudade puderam conviver harmoniosamente e viver felizes para sempre!
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Bebel Clark

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Um dos 'oásis' em uma 2a feira qualquer


Como foi seu feriado? Viajou afinal? Eu usei o meu para descansar... acabei ficando no Rio, e fui para Petrópolis no sábado para voltar domingo antes do almoço. Uma delícia.

Você já viu um filme chileno que está em cartaz chamado "Na cama"? Eu fui ver na 6a feira à noite, sozinha, sem a menor espectativa de nada. E adorei!

O filme conta a história de duas pessoas desconhecidas que passam a noite juntas. É todo passado num quarto de motel, o que primeiramente pode ser encarado como monótono, mas o diretor faz coisas interessantíssimas com a câmera. Olha para a cena de vários ângulos, e a edição é ótima também! Até as cenas eróticas são plásticas, muito belas...

Também gostei muito do roteiro e das atuações... simples mas profundos. O filme suscita questões interessantes e extremamente verdadeiras. Como a de que todo primeiro encontro tem a esperança do amor. O problema sempre é o depois, os empecilhos que a vida coloca no caminho...

Achei poético o filme... enfim, pra quem foi sem nenhuma esperança, o filme valeu uma 6a feira solitária.

Aconselho!

Saudades!!!

Beijos

sexta-feira, 13 de abril de 2007

O Preto e o Branco


O preto e o branco. A ausência de cor e a união de todas as cores. O todo. A divisão absurda do todo que possibilitou guerras, conflitos, submissão e autoritarismo. Intolerância. Preconceito. Pré-conceito.

Racismo, miséria, doenças, conflitos armados. Essa é a síntese de um continente chamado África. Um continente marcado pelo esquecimento, tanto das autoridades, quanto das pessoas comuns.

Afinal de contas, o que é a África? Muitos até hoje a confundem com um país. Um país? Não, a África é um mundo. Um mundo de incertezas, insegurança, descrença, desigualdade, descaso.
Enquanto a África do Sul e os países da chamada África Branca, ao norte, como Líbia, Argélia e Egito regozijam com suas fortunas muito mal distribuídas, todos os outros países são dizimados pela fome, pela miséria, pela AIDS, pela falta de remédios, pela falta de carinho, compaixão.

E você que está sentado na sua cadeira confortável ou em qualquer lugar, também é culpado por isso. E por que não seria? Somos todos culpados. Nós deixamos isso acontecer com a mãe África.
Lá, um lugar onde animais selvagens convivem com seres humanos, onde a natureza e suas regras falam mais alto, um lugar abençoado por Deus e amaldiçoado pelo homem. Natural, não é?

Um lugar onde o preto é maioria e o branco domina e discrimina. Onde o branco da África do Sul deseja a volta do apartheid, onde o branco estrangeiro chega para tirar fotos plásticas, fazer matérias dramáticas e voltar para sua terra das oportunidades. Sem responsabilidade, sem peso, sem culpa.

Isso porque somos praticamente criados para não sentir culpa, afinal, a África está tão longe... coitados dos africanos. Ninguém sabe ao certo o que acontece por lá, ninguém sequer cogita passar suas férias lá. Para quê? Os EUA ficam do outro lado do oceano...

Pois a África é a nossa história, faz parte de cada um de nós. E se continuarmos a ignorar sua existência e sua calamidade, certamente ela ficará mais isolada, mais abandonada do que já está. Ela está morrendo!

Então o que se pode fazer? Ajude no que puder, se conscientize, se humanize. Os quase 800 milhões de necessitados querem respirar a salvo.
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Bebel Clark